Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)

quarta-feira, junho 22, 2016

I

não estou chateado. Nem sequer
bebi mais do que uma imperial,

daquelas que o verão exige.

Poderia encontrar no solstício
e na lua cheira sobreposta
uma desculpa
bacoca
pequena
apta a cumprir uma manhã na sic.

Prefiro justificações mais complexas.
Daquelas que só fortalecem o problema.

Que interessa ao leitor o estado de espírito
ou, se preferirmos, o estado nisso não pensa.
Estou a escrever sem qualquer das razões de ontem,
De antes
De outrora
AGORA
porque só isso é que importa
Estou a escrever.

O conteúdo é só um detalhe.
Poderia falar de miúdas
de casamentos frustrados
de estar apaixonado
de problemas
mas nada disso importa.

Agora
Agora
Agora
AGORA
estou embalado
estou pequenino
até gostava de saber falar francês.

esquece o dois
o que importa é o 3

II

Daqui a dois dias, na próxima quinta, vou culminar um ano em que estudei pintura e desenho numa instituição que, aparentemente, tem nome no meu país. O meu lado mais analista, consultor, crítico, se quisermos, tem sérios problemas com a instituição referida nos pontos que tenho capacidade de analisar, mas isto não importa nada para aqui.

Vou ser avaliado em algo que me é muito. Um conjunto de pessoas que pouco ou nada contribuiu para o meu desenvolvimento artístico, tanto do ponto técnico como de vida - o que é arte sem vida -, vai opinar sobre a qualidade do meu trabalho que, bom ou mau, é muito díspar de tudo aquilo que eles alguma vez fizeram, fazem ou hão-de fazer. Como ser sensível que sou, independentemente da qualidade da crítica, mas sempre consciente de nunca por este crivo passei, estou a roer as unhas por ansiedade mesmo que, por outras ansiedades já as tenha roído ao ponto de não as ter.

Sabe-me tudo a um travo de ironia. Tanto fiz que publicamente foi apresentado, para coisas chatas e aborrecidas ao ponto de nunca as citar em processo de engate, que nada me afecta e um simples auto-retrato, agora por selfie chamado, visto por olhos de quem o despreza, ou a possibilidade de desprezo, me machuca de uma forma desconhecida.

Penso na edição do meu livro, um conjunto de textos aqui publicados. Sinto-me ainda pior. O escrutínio de 3 pessoas possibilita um nervosismo que até agora me era desconhecido,en~tao como reagirei a uma crítica a algo que potencialmente, e aqui incluo as pessoas na leitura, poderá chegar a mais de cem leitores?

Tremo.

Esqueço o 2, o que importa é o 3

III

O que mais nos importa é o que mais nos castra.
Expomos palavras, desenhos, pinturas e o caralho
que nos foda, por entre opiniões que podem magoar,
assumindo, por mais pequenos que fossemos,
que temos algo a dizer ao mundo que geralmente criticamos.

Somos e faz parte opinar se já se leu mais que um livro.
Quando é que tudo está bem para além de nunca?

Nunca
Nunca
Nunca
Nunca
Não
está mal,
Portugal.
Não,
está mal!!!
Portugal
Portugal
Portugal...

E
A inglaterra está na eminência de sair da europa unificada
e
Nada.

A grécia coitadinha tem os credores à porta,
e
é Foda,
só para eles.

Só o que é nosso é que tem de passar no crivo
para nós, nós tão pobrezinhos
Coitadinhos
Pequeninos
ao ponto de gritar aguuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuudo (voz fininha) ao mundo que já fomos um império.

Quem saiu ficou por lá
Quem devia ficar não ficou
e
ee
eeeee
eeeeeee
eeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee º(até ficar sem voz)

O cravou murchou.

E

os sonhos,
são sempre
 os mesmos.