Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Continuo à espera da tua chamada

I

Disse que me ligava no dia a seguir
à nossa última troca de mensagens;
dessa vez até correra bem, fora
a sugestão da alternativa francesa.

II - quando, por comparação, vemos algo de bom

Encetei a conversa sugerindo que ela faria,
parte da exposição
"Não"
disse ela.
era mesmo fraquinha
a outra.

A seguinte,
que também era má
- proto-conceptual, desenhos com textos não explicativos-
tinha-a ao fundo
no canto do fumo
e eu fumava.

"já tiravas as máscaras"
Passei a ser
nesse instante.

III - Medo com Medo merda dá.

O titulo resume tudo;
fica o platonismo do encontro,
os momentos em que quase se deu
o magnetismo latente a cada sorriso,
a vontade que tenho de te escrever.
Foda-se, é o dia de São Valentim

I

Contávamos o nosso encontro a partir
de datas distintas, talvez pela idade;
mais romântico lembrava-me do primeiro
encontro, do ano que contigo começara,
para ti o importante era o dia
em que pediste que fossemos mais
do que éramos.

Foi quase no dia de S. Valentim,
o lanche era uma pita do shoarma grill,
regado com o molho de alho
o mesmo que tomámos
no último dia
em que fomos namorados.

II

Ironicamente o IPhone moreu,
no dia em que se esperam encontros;
o dinheiro estava contado
tinha de ir hoje ao psiquiatra
encalhado nem sequer bebi.

Mui
uin
tú.

III

Todos os anos,
por amor
ou
por corno
neste dia escrevi.
Que se foda o valentim
Nenhum santo é casado,
muito santo foi errado
a maioria sofreu.

A criança ao ombro pesava,
O santo que que a carregava
sentiu o peso do mundo.

Injustos são os injustiçados
pisam os que foram pisados.
Da esmola grandre
o pobre [ cantado]
desconfia.

Quis-me dar amor.
já não sabia o que ele era
EU!
Eu afastei
deixei de lado,
fui parvo
um caralho
bebi para esquecer
fodi para saber
o que era ter um corpo ao lado.

Alado
Diz-me alguém que sou
são viscerais
estão ligadas pelas costas aos nervos
encolhidas pelo medo.
 Quem será que as vê?
Quem?
Quem?
Quem?
Quem?

A minha mãe não sabia cantar
embalava-me com os seus medos.
Dava-me a liberdade
de não fazer algo
de não saber o que quer.
Esforçou-se sempre a decidir.

1º - o que eu haveria de seguir

2º Como e quem deveria foder

3º - Qual havia de ser o meu trabalho

4º - os motivos porque caso

5º - Não digo para ser sucinto

Hoje é dia de São Valentim
escrevi para mim;

Comi um arroz de cabidela,
Não acendi nenhuma vela

As flores eram
naturezas mortas,

IV - À la turca

(trautear o ronda à la turca)

V - De mim para mim

[desenho]
Ataque de ansiedade

Querida dói-me o
peito sem motivo aparente.
Sou jovem
já lidava bem
com os transportes
públicos.

Será do Leite?
Será de ontem não ter dormido?
O que se passa comigo,
será calor?

Por favor.
Não me sinto bem

Mãe
fizeste uma macumba por não te falar?
Ou foi o pai só por maldade?

Estou farto da cidade
estou farto de encontros mundados
de ser um cinzeiro de um corpo desconhecido.

Em Praga até o metro tinha horários
só partia depois de chegar o autocarro.

Nunca comi uma checa
Nunca comi uma checa
Nunca comi uma checa
As formas de expressão alternativas, como a fotografia ou o vídeo, eliminam a escrita que exige um tempo e um tempo que pede concentração.

Estou  sentado e só tenho isto, não me perco com outros meios que não o que exige palavras. Estas. A minha mulher está longe, pede-me para ligar

corpos, egos, cabeças e desejos
I - Claramente o artista por demasiadas frentes ingenuamente se segrega

Claramente
por demasiadas frentes
ingenuamente
o artista se segrega
e leva,
com a preguiça na fronte
Cai
sem chegar a lado nenhum

II - aquele em que o motivo se explica

Pior que o cobarde,
o que nada faz
não promovendo da mãe o choro,
é o idiota que se dá
pondo na falha o esforço.
O bom será
pelo blazé enaltecido
o mau
esse terá
nele o motivo.

E como este poema só com duas correcções,
(reparem como me justifico)
tudo se faz
ou fez.

[ladaínha]

Estava no comboio
Sou expressionista
Estava bebedo
furioso febril
demente;
Escrevo para mim
para
mais
ninguém.

Faço tanta coisa ao mesmo tempo...

Faço
por fazer
tenho
medo
da crítica

III - Apresentação à laia de quem já se estrutura.

De nada me serviria pintar o bucólico;
quem no campo vive já não ama ovelhas,
quem não o conhece quer charters e pulseiras
de consumo ilimitado nas caraíbas.

Pilhamos o que somos em troca de salários
mínimos são os prazeres que nos guiam,
usufruídos numa percentagem contratada.

"Á minha esquerda no comboio para Lisboa
Dormem em linha 3 senhoras, cansadas.
Uma é zuca-asiática
Uma é velha, gasta 
- dá para ver pelas mãos
a outra é mulata"

são três da tarde e dormem;
são 3 e estão cansadas.
Á M.S. o primeiro, ironicamente, depois do outro que primeiro de todos foi.

I

Não me sais da cabeça e 
não me consigo
focar no exercício.
É em ti que penso,
logo esqueço
as naturezas mortas

II

Perdi o medo dos comboios e com ele
a vontade descontrolada de escrever,
riscar
uma folha de papel
com gritos que por falta de tomates nunca dei.

"É a moda dos smartphones". Distraiem
mais que um jornal; são companhias
até o que vem de Londres é instantâneo.

O de antes dói, é mastigado sem dentes
e com a idade sente-se
mais o esforço.

Agora que te escrevo, de novo
ritmo embalado estranho que não grito
A cenoura não é a aflição
um apontar de dedo feio
uma fúria promovida pela solidão.

Tentei desenhar-te 3 vezes
cortando a tendência naturalista imposta
olhei-te durante 40 minutos.
40 minutos
40 minutos
40 minutos

e por 40 minutos foste a casa
que nenhuma antes fora.

III

Acusava-me de, na poesia, não ser como a Sophia,
de o meu afecto não simbiótico, só sofrido;
de lançar carinho para depois promover ódio.

É fodido ter macacos na cabeça,
Nós que como nos dedos
são marcas de mossas.

Macacos
na
cabeça
merda na cabeça
Macacos.

O punho move-se por ela
é por ela que gritamos
é dela que vem o medo.

[cantado]
"O dioguinho
O de verdade,
vive num cantingo
e o outro Diogo
- não o dioguinho -
é o porteiro desse sítio
e não é nada simpático"

especialmente com quem deveria entrar

E gostava por cobardia de ter algo de mau para te escrever
e gostava que a caligrafia fosse agressiva
e gostava que os meus dedos sangrassem
e gostava que quem me visse agora tivesse medo.
por cobardia
por cobardia
por cobardia

Levei tanta porrada que já nem sei o que é
um afecto
um gesto
doce.

PORQUE É QUE QUANDO EM TI PENSO SORRIO?

[Imagem]

FICO COM CARA DE PARVO?
E PORQUE RAIO É QUE AO TEU LADO
PAREÇO UM PUTO DE QUINZE?

Chamo-te torniquete
,mas na verdade,
amorosamente,
só tentas estancar o que é mau.

Lidar contigo é uma recrutra
dos comandos
dos fuzileiros
dos goi
da mossad
e o tudo o mais do mundo
mas aturo
porque só te quero feliz.
.
.
.
.
.
Quando estamos juntos de repente faz sentido
o que sempre me incomodou
os sonhos e ambições que me foram carregados
deixar de ter o peso que lhes é comum
Não quero ser mais do que sou
foi só isso que me pediste
depois de me olhares nos olhos.
A falta de hábito infelizmente inibe-me
e por cobardia antecipo uma dor parva
tão parva porque é mínimo o esforço
e é-me tão facil querer-te e fazer-te feliz.
Nem a distância me incomoda,
nem o estranho que te rodeia
- deu-me a vida o estômago que conheces -
e que mal me fazes tu?

Cada encontro acarinho
cada despedida sorrio
cada dia sem te ver é menos um até que te vejo.
Estou tímido
não tenho jeito
para escrever coisas bonitas
não sou como a sophia
mas fazes-me estar mais perto dela.