Á M.S. o primeiro, ironicamente, depois do outro que primeiro de todos foi.
I
Não me sais da cabeça e
não me consigo
focar no exercício.
É em ti que penso,
logo esqueço
as naturezas mortas
II
Perdi o medo dos comboios e com ele
a vontade descontrolada de escrever,
riscar
uma folha de papel
com gritos que por falta de tomates nunca dei.
"É a moda dos smartphones". Distraiem
mais que um jornal; são companhias
até o que vem de Londres é instantâneo.
O de antes dói, é mastigado sem dentes
e com a idade sente-se
mais o esforço.
Agora que te escrevo, de novo
ritmo embalado estranho que não grito
A cenoura não é a aflição
um apontar de dedo feio
uma fúria promovida pela solidão.
Tentei desenhar-te 3 vezes
cortando a tendência naturalista imposta
olhei-te durante 40 minutos.
40 minutos
40 minutos
40 minutos
e por 40 minutos foste a casa
que nenhuma antes fora.
III
Acusava-me de, na poesia, não ser como a Sophia,
de o meu afecto não simbiótico, só sofrido;
de lançar carinho para depois promover ódio.
É fodido ter macacos na cabeça,
Nós que como nos dedos
são marcas de mossas.
Macacos
na
cabeça
merda na cabeça
Macacos.
O punho move-se por ela
é por ela que gritamos
é dela que vem o medo.
[cantado]
"O dioguinho
O de verdade,
vive num cantingo
e o outro Diogo
- não o dioguinho -
é o porteiro desse sítio
e não é nada simpático"
especialmente com quem deveria entrar
E gostava por cobardia de ter algo de mau para te escrever
e gostava que a caligrafia fosse agressiva
e gostava que os meus dedos sangrassem
e gostava que quem me visse agora tivesse medo.
por cobardia
por cobardia
por cobardia
Levei tanta porrada que já nem sei o que é
um afecto
um gesto
doce.
PORQUE É QUE QUANDO EM TI PENSO SORRIO?
[Imagem]
FICO COM CARA DE PARVO?
E PORQUE RAIO É QUE AO TEU LADO
PAREÇO UM PUTO DE QUINZE?
Chamo-te torniquete
,mas na verdade,
amorosamente,
só tentas estancar o que é mau.
Lidar contigo é uma recrutra
dos comandos
dos fuzileiros
dos goi
da mossad
e o tudo o mais do mundo
mas aturo
porque só te quero feliz.
.
.
.
.
.
Quando estamos juntos de repente faz sentido
o que sempre me incomodou
os sonhos e ambições que me foram carregados
deixar de ter o peso que lhes é comum
Não quero ser mais do que sou
foi só isso que me pediste
depois de me olhares nos olhos.
A falta de hábito infelizmente inibe-me
e por cobardia antecipo uma dor parva
tão parva porque é mínimo o esforço
e é-me tão facil querer-te e fazer-te feliz.
Nem a distância me incomoda,
nem o estranho que te rodeia
- deu-me a vida o estômago que conheces -
e que mal me fazes tu?
Cada encontro acarinho
cada despedida sorrio
cada dia sem te ver é menos um até que te vejo.
Estou tímido
não tenho jeito
para escrever coisas bonitas
não sou como a sophia
mas fazes-me estar mais perto dela.