I
Sempre tínhamos os Domingos para nós,
nos museus as entradas eram gratuitas,
sempre uma boa desculpa para passear um pouco,
Tu, a artista, infelizmente dependias dos apoios,
A tua vida exigia que fosses independente.
Acordo num quarto relativamente arrumado,
o mesmo que exigias. O dia não está mau
simplesmente já não há passeio. Tenho roupa
para estender, já não penso no que vestir
para ver o teu sorriso. Vou só ao minipreço
tenho de comprar panos do pó e pronto
vão-se as memórias que restam. As outras
estão num armazém em Alvalade.
II
O problema do amor, aquele que eu acho que sinto
e que até há bem pouco contigo se completava
é não-me permitir corromper que ainda me lembro
com o medo que nos pôs neste estado