Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)

quarta-feira, fevereiro 13, 2013

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Estavam 3 bebés, pelo menos,
a bordo. Não vou dormir nem ler
as palavras que fotografaste
para leituras aéreas,
pelo tom que se avizinha.
Desenho talvez com o punho irado
não sei, soa-me tudo a despedida
sei agora que custou.

I

Tve de desligar o móvel
foi a Lurdes que o pediu,
ao serviço de solar
o comandante do cabelo
encaracoladinho. Mull it?
sinceramente, não sei
Mas também não importa nada
somos pequenos para isso
focamos coisas mais óbvias
menos interessantes. 40.
falámos cerca de quarenta minutos
antes; apesar das regras
que nos impusemos.
juro que não o entendo
só medo que nos é
comum.

II

Deves ter tido algo como eu
tens o receio que estranhamente tive
até o ter reconhecido em ti.
Coisas pequenas que se somam
diria alguém que não eu
digo somente que se sentiram.

são horas de ir parva
ainda com a música foleira que te mandei.
Dá-me vontade de rir.
mas acho que tem a ver
contigo. os bebés já choram
queria tanto dormir, dormir.
mas não tenho paciência
não tenho tenho tenho
para o ruído dos outros.
se fossem meus ?
se fosse de alguém próximo?
claro que aturaria.
claro está que sim.
mas porra
são de pessoas das que 
nunca
nunca e insisto no nunca
(agora até faço cara má)
- de mauzão
rezingão -
nunca!
se deveriam ter reproduzido.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Não te assustes
Não te peço calma
Que te irritas.
Não te mordo
O pescoço
A não ser por pedido.

Não fujas
Com os olhos.
Quer dizer
Foge
Até te gosto
De ver como miúda.

Enrosca-te
Pede o mimo
O carinho
Que te assusta
Luta
Se quiseres
C'oa vontade
A minha idade
O permite.

Manda-me embora
Nao agora
Conta até cinco.

Este menino
Cresceu
o que se deu

não medem
segundos

Esquecesse subitamente o trabalho.
Não se notasse a postura altiva,
A que a cobardia exige estrategicamente,
Fosse parte diferente, sentisse o sol,
Que no mundo bate docilmente
A badalada de um sino mudo.

Antes de haver relógio haveria tempo
para o atraso? Quem o mediria?
Quem chegasse primeiro teria
Sido do sono primeiro agitado.
Não por um iPhone medroso programado
Por nós coitados que também o somos.

Esquece o que antecedeu esta
Estrofe que parece velha demais
Para mim. Pensa no tempo que tive
Não o meças, vive-o. O sol batia-me
No rosto, não tinha força para o resto
De mim estar descoberto. Mas senti-o
No rosto, e pouco é nem sequer senti-lo..

Não ando. Corro. E quando ando
Atrapalho-me, rastejo portanto
por causa e consequência. Esforço
Exausto estou ou inconsciência,
a minha natureza agradece. A moral
Exige discernimento. Discernimento
Exige tudo aquilo que não tenho,
Velho que estou hoje. Percebo assim
Neste momento, que não se acumula
Idade que se sente. Vive-se somente
Por cansaço nosso é nosso o mundo.

Vrrrrrrrruuuuuuuum

Anseio tanto por sexta, que hoje
Até comi um prato vegetariano
P'ra barriga se acostumar
Ao que me hás-de de servir, ou
Se preferires, ao que havemos
de fazer nós dois na pausa
De um dia que conta porque
Permites tudo o que queremos.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Ao telefone. Noutra altura o "i'd rather" teria um with you.

Há invenções que nos agradam até ao dia
em que nos incomodam o corpo. Os ouvidos
fazem parte do meu corpo. da minha cabeça.
E o pescoço também me dói por estar torto.

No aeroplaine de Lisboa a Madrid, tentou este rapaz, entre sessões de trabalho contínuo, escrever coisas felizes

I

Memorizo por interesse
comum, as palavras de outro.
Por provocação que é
somente
vontade.

Tento não me esquecer
de palavras, a cadência,
por não ser minha
desconheço.
O referencial é novo.

Recomeço,
e estupor
não estranho o esforço

II

Movias-te entre conversas
do passado mais frio
que o futuro do regresso
a casa.

Sorrias, lembro-me eu
como há uns dias
voltaste por trocas
a sorrir.

III

Falta-me o hábito que permite
escrever textos, poemas, aparentemente
doces, dar ao mundo, ou só a ti,
o que por entre os dias, ainda poucos,
me dás. Noto, pelo menos, que pontuo.
Não sei o que isso quer dizer, mas
que importa? O propósito de tudo, esse
era outro. pelo menos o que escrevo
agora
é legível.

IV

Lentamente
foi lentamente
que surgiu. sem pressas;
a idade tem essa coisa
nalgumas pessoas.

Larga gestos infantis
lentamente
só lentamente
permitidos, com medo;
a vida tem essa coisa
nem tudo foi bom.

______________

mas sorri, sorri mais pequena,
do que quando pequena se fez.
Não alça a perna, não vês
a menina a querer ser grande.
Dá-me mais um sorriso pueril.
Afasta os olhos de mim com medo.
Deitemo-nos cedo, acorde-nos
o mimo, não o alarme ensurdecedor.
Esqueçamos o que dói o que fomos
pensemos no que nos fizeram esquecer.
e depois lentamente
só lentamente façamos o mesmo tudo
com a certeza que é bom o a que nos demos.

V

Se algum dia viajarmos
promete-me, por favor,
que não vamos discutir
se o leite ficou dentro
ou fora do frigorífico,
antes ou depois de chegarmos
ao destino.

Promete-me, por favor,
que uma surpresa meteorológica
não nos vai fazer descompor
um ao outro por escolha
errada de guarda roupa.

Promete-me por favor
que sorriremos, a não ser,
claro, por notícia triste,
ou que a viagem seja de luto.

Promete-me só, somente,
que saindo, é p'ra melhor.

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[Se algum dia viajarmos
promete que é p'ra melhor]