Regressei com o jet lag próprio de uma viaem demorada, e de alguém que tem mais centimetros que a média para um voo directo e a horas madrugadoras. A mente trabalhava a um ritmo diferente que a dos que me rodeariam, os meus olhos veriam o que antes não repararam e só por isso as conclusões seriam outras se não fossem completamente novas.
Tudo estava no mesmo sítio, as pessoas não mudaram, nem o espaço que preenhciam. O tabuleiro, no que diz respeito à sua disposição, não surpreendia, nem as peças que continuavam as mesmas no mesmo sítio. As regras do jogo é que tinham mudado, ou eram melhor percebidas, à luz do que eu vivera no meu exílio neo-clássico com contactos por viciar e aparentemente, ou linguisticamente, ingénuos e inocentes. Parecia-me mais óbvio a disposição de todos os elementos.
I - Ou se preferirmos outro número qualquer, o que importa é aquilo de que falamos, o título pode ser o que melhor o enuncie.
A pátria, a nossa, a de um indíviduo,
tem mais que um tempo. Na génese
impõe-se a tristeza ou alegria comum,
no presente o que conhecemos,
ou que vivemos um por um.
No futuro o que acreditamos.
Os cheiros, as cores, os prédios.
As ruas, o rio que se tem ou não,
O que a apátria é está nas mãos
da memória de um-por-um.
Talvez não mais que a língua nos una
porque até essa é usada de forma
distinta mesmo com regras comuns
partilhadas por graus distintos
do recurso correcto à gramática
à semântica e à sintaxe.
Já me cheira a Lisboa, já me dói
a barriguinha, a bexiga e a cabeça.
Lá está outro gajo que comenta
a minha forma de vestir. Um taxista
que larga caralhadas constantes
Ou outro que se acha com graça
A forma de vestir encapsulada
na necessidade de ser alguém
um doutor um senhor engenheiro
ou arquitecto ou outra coisa qualquer
que anteceda o seu primeiro nome
que mostre DESDE DE BEM LONGE
que não é um senhor qualquer
porque ser nobre vem do sangue
e os burgueses só acreditam nisso
se o santo espírito fizer parte do nome.
Idiotas. que acreditam que assim
são mais do mesmo. Comprassem
quintas como os heróis realistas
e que as esfregam na cara do senhor
de quem os seus pais foram caseiros.
Pelo menos investiam e produziam
algum ou algo mais do que hoje.
Mas não, todos eles querem é pensar,
Mostrar ao mundo que sabem mais
sendo a bitola, por causa deles, menor.
Já me cheira a Lisboa, e não a mijo.
Ainda não fui ao bairro que do alto,
parece uma latrina pública.
II - o que surgir.