Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)

sexta-feira, abril 30, 2010

21/04/2010 - "Dói-lhe. Tome e esqueça."

Começo o dia com o cansaço dos que passaram. Dias claro pois é deles que falo; sobre mim pouco há a acrescentar.

São longos e exaustivos e duram muito mais que a luz diurna dura. "Cansaço", não sei bem se é isso , dizia o Forjaz. Tudo tem de ser doseado, um motivo q.b. tem de estar presente nem que seha a simples cenoura que o burra faz correr e nao com a cor que foge, pantone que me é servido já normalmente como se me alimentasse.

Rotineiro o que tenho não me dão mais do que aquilo que já vi. Ânsias recorrentes, respostas a todos e não a mim, fomes e sedes que engano com palavras meigas que me solto com pouco mais pouco de graça que entretanto se gastou; recurso justificados por excesso do bom que a maioria evita; honestidade parca tão parca como as horas que são horas e o dormir sem sequer termos falado com o pouco que resta de nós.

"O que é bom é para se ver, e, se deixar, é p'ra se tocar", disse por certo alguém antes de mim.

19/04 do lindo ano de 2010 após o nascimento de Cristo - uma 2ª feira

Era baixo o poeta que comigo falava, diferente em unidades métricas de mim, mas por carregar os óculos na face assumi que o mundo que víamos seria, por certo, similar nas manchas que nos permitem somar dias.

Fomos apresentados e seu nome artístico, pouco ou nada, se via na sua atitude. Ouvia. Agradecia até o vernáculo com que caracterizei os seus de uma forma tão maquinal como a aprendida em qualquer aula de línguas diferenciada, diferenciando somente no seu conteúdo pedagogicamente não recomendado: não era nada bom.

Insisto na forma como o fiz, tal como insisti nas desculpas pedidas apesar de não ver nenhuma reacção estranha no outro lado: parecia que um ataque era bem vindo à sua rua habituada à calmaria de um bairro onde todos os hábitos/ rotinas de cada um, com [ ] inclusivé, se conhecem. Sorria. Eu desconfiava da experiência feita, ou conseguida, face os artifícios experimentados de outros cardinais, Avatares de uma verdade, tão inseguros quanto castrados na sua essência e apologistas de um lugar seguro onde todos se sentam, comem e cagam.

"Todos escrevemos, não podemos agradar a todos", e a escrita vale nem que seja por no colo de alguém ser feita e o colo a pouco e poucos ser dedicado. Mesmo que díspares ninguém que ninguém critíca a punheta de outrém - a sua também, mais ou menos, poderia ser criticada. Sugestões porém são bem vindas, principalemnte qde ue quem como nós não faz nem no futuro aspira fazê-lo com mais que indiferença: da que irrita a pele até se esfolar.

Porém punhetas há e há punhetas. Uma vez falei com um senhor da 7ª; artista. Disse (eu) em tom simpático que gostara do que vira, independentemente de quem representava e mesmo não tendo base nacional comparativa. Era a minha 1ª na minha língua, a 1ª numa tela, e ainda por cima do princípio ao fim. "Tens de ver as outras tantas" disse ele com um tom tão solene que só pode ser triste; cada perna com tanto mais que eu em cima, como um todo ainda mais, tanto mais, e tremiam como as varas ao vento no pantanal a céu aberto na antiga avenida da costa da caparica - na qual alguns verões passei pequenino e mais infantil.

Nem a um elogio soube o homem responder. Onanismo do caro; elitismo; essências de merda - com cheiro a fralda (kenzo flower) - tanto justificam. Fosses poeta, fosses da letra que a tua vida carrega. Fosses. Não desses cara a emoções que sujam e rasgam o papel. Fosses. Escrevesses. Ouvisses. Até um escarro justificaria o mais pequeno que fizesses, um sorriso dir-te-ia que afinal não era só teu.
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Todo o poeta vê em outrém um possível reflexo de si. A palavra sente-se, vive, comanda, aponta, leva, cada um de nós em si ou com outrém. Há muito que sabe que não é de todos, aceita assim não ser partilhada.

sábado, abril 17, 2010

nove e tantos com o computador no meu colo limitado.

A calmaria raramente me estimula a creatividade obrigando a uma obrigação pesada em cada um dos gestos que, no seu tempo e ritmo, permitirão que daqui a a nada um ponto, se usado, se torne mais que ele próprio ou parágrafo.

Estou leve tão leve ao ponto de não estar acostumado o mundo a me ver desta forma. Estou doente aos olhos de quem me cuida e me toma e todos são mais hipocritas nas côndrias que eu. Estou só, estou num canto acolchoado, sossegado mas só em mim. Tudo à minha volta irrita-me com um crescendo quase tão clássico como surdo e eu continuo no meu canto sem sequer me mexer em mais do que uma das minhas extremidades pequeninas que me ensinaram darem pelo nome de dedos.

Um dos dedos está estragado
Cortou-se e não a cebola
No seu todo imaculado.
Mas será que assim....cortado,
Não serei meia pessoa?
Parte foi em partes vivas
tão mais rubras do que sou
no cal e gesso caídas
cada uma pequenina
Chora pelo que deixou.
escó rrem rrem dando o espaço
que as que vêm tanto exigem.
fico aos poucos tão tão fraco
cama perto último passo.
Durmo só com as qu'existem.
Pelo menos estou melhor que os outros que estão entupidos, li te ral men te, entupidos nos aeroportos dos países dos centros evoluíditos desta europa. Uma nuvem negra dizem eles e estão, principalmente os alemães, tão assustados. Os tugas, presidente e aníbal, seis miúdos açoreanos, presidente do AEP, e o faria de oliveira, entre outros, de certo também ilustres, apanharam logo o autocarro e comeram sandes e batatinhas fritas numa estação de serviço que, de essência, não mais pode ser que manhosa. De nuvens, principalemnte das negras, sabem muito muito mesmo, está no sangue que lhes dá a vida e inspira a sua arte de viver...hão-de chegar mesmo que tarde e com as costas a arder.

quarta-feira, abril 07, 2010

Está-me na pele o que p'los dias passa,
centricamente p'lo meu ego e gira;
Pedras pomes, poeiras e mais gravita
em redor da que outrora fui marcada

rocha que sou e que afinal não pára
entre volta e voltas em que orbita
de copérnica moda definida
em redor do que o id já não pasma.

Não mais que pó eu sou por mais que o aspire
neste vácuo perdido qual a forma?
Sou todo o oposto a que a grandeza exige
mais que pequeno, pequenito, esmola.

E ás voltas e em volta eu vou
sem ver que o que arrasto já me inchou.

segunda-feira, abril 05, 2010

No mesmo de sempre embriado pela vida 26/03/10

Ao balcão da brasileira
ao lado de quem se estranha
Entranhando-se aos poucos como os hábitos
Pergunto-me dando eu próprio a resposta:
De que me serve quase tudo afinal?

Vejo o velho ao fundo que cobre a calvice
Tão grande na pobreza que ainda maior é.
Vejo a puta que trabalha na esquina,
Escondida na luz que já muito já há
Exalando que um cigarro tão fino quanto
o pouco que dela é permite.

Os dois tremem, tremem pela certeza que existe
d'algo que começa, d'algo que acaba
saiu um de casa outro vai sair.

Ele lá fora é que não treme
nem a sua mão alçada
Olha a calçada, vê o mar que é português.

6/03/10 - Vi um móvel bonito que me apeteceu levar

I

Era sábado e fazia Sol á tarde dando-me assim uma vontade de passear que, em modo solitário, raramente me surgia e ainda hoje surge. Ao sair de uma casa de umas que Lhe são devotas vi um móvel bonito e que, antes de me ter apetecido, não aparentava ser muito pesado.

Carreguei-o vinte passos de cada vez. Repousava os braços depois por um pouco entre cada um dos que implica contar até 20. Por vezes sentava-me no móvel e escrevia. Fazia-o em qualquer lado, sempre vinto passos mais à frente. Primeiro num jardim, depois á frente do bar o século e continuamente na rua que com ele (o bar) partilhava o nome.

Passavam por mim pessoas e olhavam-me o esforço e o móvel com uma estranheza rara, incomum. Todos viam o suor, todos viam o peso que o causava mas todos passavam esforçando-se no máximo a olhar ou para mim ou para o que me sustentava e que eu mais cedo ou mais tarde, mais descansado, iria suportar.

Destacaram-se, por ordem de chegada, um casal e dois filhos franceses que disseram - "que jolie petit meuble"-, dois velhos com sacos que noutra altura poderiam contar com a minha ajuda se a aceitassem.

Os franceses queriam saber do Marquês de Pombal que, na grandeza francesa, não lhes deveria soar a mais que um camponês por mais portuguesamente burguês que ele tivesse sido.

"Regarde, le marquis de Pombal; aos velhos só importava descarregar as cebolas como se a idade tivesse atenuado qualquer azul num vermelhor que, por ora, ainda é deles e que o espinafre vai garantir que assim continua. Uma pechincha Dona Lourdes, e o quilo tem estado mui caro".

Como qualquer operário, com um dedo de testa, fatalmente comecei a pensar em como optimizar o processo a que me entreguei e que aparentava - agora estou certo - ser bastante inefeciente. Pensei nas restrições: 2 braços, 2 pernas e no objecto em si: móvel, 1,80 m de comprido, 40 cm de altura e 20 a 30 de profundidade...

Pensei...

E conclui: só dava desta forma.

Liguei enquanto parado esperava por ajuda até que por chamada ela chegou; sempre a mesma, sempra mesma, mesmo tendo mais que fazer.

2x2 braços, 2X2 pernas, o móvel, esse, era o mesmo... menos tempo, - de metade, todos os passos de uma só vez. Deixámos à porta, em casa, aí então ajuda apareceu. Exalei, de uma só vez veio o cansaçõ todo, 1x2 braços, e 2 pernas, (distributiva é sempre a matemática), o móvel mais empenado, embora num quarto, continuava o mesmo:

Eu, eu estava cansado de o trazer.

II
Não ardi mas também preciso de arranjo, de uma mão que disfarçasse os estragos
III (citando a Vozone) dia das mentiras de 2010
"Sou tão civilizada. De que me serve? (pausa)
De Nada."