Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)

sexta-feira, dezembro 22, 2006


Eles amavam-se. Só o mundo não percebia: apontava, gritava, gozava.
Com os anjos e os demónios vinham-se.
Nem sequer chega a ser o desistir. Acho que poucas vezes o fiz. Simplesmente a falata de raciocínio, de fio condutor, faz com que o que começo se perca e só aí encontre o seu fim.

Poderia perguntar: e se tivesse feito y?ou X? ou Z?Mas de que serviria. Comecei p'ra acabar, um acabar homogéneo com o resto, por definir em que consistia. Só comecei com esse propósito.

Por isso, e só por, já não lamento nã ter escrito mais que duas páginas por um só texto. Se tivesse que o fazer tê-lo-ia feito. É bem simples até.

Preciso de estruturas que talvez um dia tenha, de uam ideia e da capacidade de a expor em 1000 ao invés de 100 palavras por uma centena não ser suficiente. Criar imagens, paralelismos, insistindo na ideia que, pela sua redundância e repeticão, no texto exposto, quem a leia a veja como dele.

Ideias. Talvez me faltem ou talvez as tenha em excesso. P'ra ser grande, e lido, tem de se ser mediano.

É uma questão sem escolha.

A mulher das luvas amarelas mais espessas que a carroçaria de um panzer, com a sua presença, limitou-me: Não pude mijar no urinol.

Entrei na 1ª divisão dentro daquela em que já estava e, depois de obrigado ter fechado a porta, fiz aquilo p'ra que vim, lavando as mãos de seguida - ainda não se tinha ido.

"Está contente". Inspirada p'lo meu canto, como sempre, fora de tom. "Já está de férias". No fundo, por brio, só agora posso dizer que estou; "Não, já estou há muito!". Há tanto quanto estou farto daquele antro onde raramente ponho os pés.

Pegando na merda que não sentia p'lo amarelo que vergava disse que a vida era como era a vida. Ri-me e disse que era triste pensar assim estando triste porque não mijei de pé.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Ham on rye

Bebia um café no girassol depois de ter chegado quase a casa. Fechava às oito e, por volta dessa hora, saí.

Outro comboio acabara de chegar de Lisboa. Assustei-me, agora certo que lera por 15 minutos parte da história e que, durante esse tempo, parte das palavras podiam ser minhas.

Continuei no meu caminho, aquele que tantas vezes fizera, avançando mais em mim do que no asfalto. Era interrompido constantemente pelos carros da gente que há pouco se levantara e que, naquele instante, agora no seu transporte não público, continuava sentada na parte final do trajecto.

Detesto companhia nesta estreita estrada , nestra estrada paralela a um caminho mecânico que, no pouco que existe, nunca chega a tocar.

Para onde é que vou afinal? Não quero nada disto. Irritam-me as pessoas que me rodeiam; quase todas carregam o peso de um objectivo comum, de ideais moldados em série e entregues de porta em porta com a facilidade que o gratuito permite. Enojam-me, enquanto que o cão que, como sempre ladra daquela casa com aspecto de barraca perdida entre moradias minimamente decoradas, por não me meter medo, separados que estamos por um muro, só me chateia e incomoda como o frio.

Depois da esquina segui, como sempre o fiz, pelo caminho perpendicular olhando como que por instinto para aquele candeeiro de rua que sempre espera por mim para se acender - provavelmente sou sempre o primeiro como ele a a passar por ali. A sua luz é tão diferente, mais alva, mais pura não como a outra que de 10 em 10 metros se irradia.

Desta vez, num cruzamento, cruzaram-se duas carrinhas que mesmo distantas p'las marcas e por elas. Acabam por carregar o mesmo. Dois homens de fato, ninguém à direita uma cadeira de bebé atrás. Destino que talvez um dia partilhe, tenho a porta aberta.

Olhei para trás. Estava um pouco mais amarela. "Só precisa de tempo para ser como o resto".

Já não pensei mais.

Quem nunca o soube, como resposta a quem era, lá a porta me abriu.

Depois de uma torrada sem códea mas com queijo e presunto.

I

Podia ter aquecido o pão industrialmente fatiado e despido só um bocadinho de nada mais. Como no amor, ou em qualquer outra experiência a temperaturas, ou a outras, como a quantidade em gramas de manteiga e até de presunto, controladas, uma pequena variação pode ter um impacto desagradável no resultado. Neste caso nem muito. Não estava óptima mas comia-se.

Teles, o grande escritor da meia hora que falta, escrevia, p'lo que me pareceu, sobre Noé e clubes de futebol. É óbvia a relação entre os dois, mesmo sendo os estádios mais volumosos; surpreende-me porém ser sobre eles que ele escreve.

Enquanto preparava o meu pãozinho, que, como já sabem podia estar mais quente, e perguntei à minha exma. pessoa o que seria se sonhasse os sonhos de outros. No fundo já estava farto, por mais que tentasse, continuava a sonhar o mesmo e se o mesmo sonhamos - quero que isto fique bem claro- é porque não passa de um sonho e, se Aquele continuar com o seu humor um bocadito recorrente, nunca do que é vai passar.

E frustra. E se queda frustrado. E frustra. E frustra. E frustra ... até chegar ao ponto de só o adjectivo fazer sentido.

Tivesse o dos outros tendo o meu. Era uma como que uma lufada de ar fresco...novos cenários, novas caras, novos golos...

Retiro o que disse há pouco. Tivesse dos outros sonhos agradáveis, daqueles que eu gosto e, quem sabe daqueles que, mal acorde, deixem de os ser. Sonhe por A que faço o B que já fiz, sonho por C que já vi D da E com quem já fiz G - coisa que o F tanto sonhou.

(Suspiro)

O escritor continua a desenvolver a ideia de que se modela como o mesmo coisas que, não sendo o mesmo, por algum motivo talvez o mesmo sejam.


II

Aplausos à criação artistica tão vulgarmente avaliada num estabelecimento que, tendo matriz jacobiana com determinante não nulo e logo por isso quadrada, de ganadaria só é o inverso.

Aplausos então a Noé que, já velho de mais para jogar no moreirense, nos seus tempos fez os possíveis para que os estádios hoje estivessem cheios.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Sobre o que acabar por ser.

Um dia a mais entre outros que são cada vez menos.

Estou na faculdade. Reparem na força da palavra faculdade: faculdade, faculdade. Repito isto mais uma vez. E outra e outra.

Estivesse o Sr. Ferreira certo, perdesse o sentido. Estivesse o filosofo certo: que a consciência dos limites nos concedesse a liberdade. Que o peso dos grilhões acabasse por os diluir numa consciência que, por consciente, só mais nos pesa.


Porque é que não se aplica tudo o que é bonito de ler? Porquê?

Faculdade, faculdade. Faculdade e mais infinito...

e

SÓ ME SINTO
claustrofóbico.

sábado, dezembro 09, 2006

Um humilde regresso.

Sidoro já ha muito que nao escreve. Ou pelo menos não o faz como soía. Pensa mais do que antes e , se mesmo que por pensar, compõe mais linhas pelo mesmo acto menos escreve.

Antigamente era mais simples. Simplesmente saía um texto completamente irracional e de sentido mais dúbio que outra coisa qualquer.

A verdade é que só assim Sidoro, por ser egoista, como tantas outras pessoas tão bem o definem, fica feliz com a sua escrita - só assim verdadeiramente é dele.

A questão que se pode colocar, ele a ele, pois o leitor não interessa nem um bocadiho à escrita de um livro de memórias transcrito somente com o intuito de ser percebido mais tarde pelo seu escritor - Sidoro escreve àrabe da esquerda para a direita sem saber o que àrabe é -, é: "Por que raio é que tu" - melhor ainda - "por que raio é que eu me propus escrever dessa forma?"

Por malicia podia deixar a questão no ar mas um egoísta pode ser bonzinho e esse é o caso de Sidoro.

Por vezes um homem, ou criança, tanto faz, sente a necessidade de mudar e, se o decide fazer, é porque, mesmo que por erro da mente, acha que é num sentido de crescimento que o faz. Foi isso que se passou com Sidoro. Egoista, mas, como podem ver, bom e agora consciente.

Quantas vezes não falara ele de mudar por reacção, por sucessão de acontecimentos, para depois ir contra a sua lógica: p'lo menos agora percebeu.

Percebeu que daquela forma nada escrevia, mas isso era o bom do mau. Por pensar não era ele, não era sincero; forjava tudo quando só pouco ou parte queria partilhar com ele próprio no futuro.

Ironicamente por pensar era um idiota. Fatalmente e agora acaba a crescer.