Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)

quinta-feira, julho 27, 2006

Daqui a nada vou-me embora ou assim espero eu. Tenho de acordar cedo só mais um dia, só mais um dia e depois durmo, ou assim espero eu.

Nunca tive um momento de responsabilidade mais longo do que segundo e assim esperava eu que fosse sempre. Nunca tive um sentimento que se prolongasse por mais que uns dias e assim esperava que fosse sempre.

Esperando esperei e agora que o fiz vejo que de nada me serve esperar. Já não acredito no futuro que prevejo já que, como as caras, não o consigo ver que não de uma forma incerta. Sou ingénuo como a maturidade, sim a maturidade, o permite; estou velho de mais para ver para além das minhas certezas criadas em estimativas marteladas em segundos. Sim, já me imbebi no que um mês vi os outros fazerem; velho mas aprendo, mudo continuando velho.

Constantemente me lembro do que via e que, mesmo não vendo, sei que continua lá. O mar que com luz estava à minha direita e que sem ela à minha esquerda estava, isto se olhasse na direcção em que ia - tantas vezes foram as que não encarei o meu destino. A beleza de uma àrvore que, como eu, era cercada por um bando de pedras frias; limites à expansão do que a suportava estando a base consolidada no que relativamente era cada vez mais pequeno.

Mas via tão mais tão mais:

a fadiga não só consome o corpo: um esforço é um esforço, um ponto cada vez mais implica o fim.

sábado, julho 22, 2006

Depois da vacina

O inútil aparente, nas horas de maior esforço, o trabalho dilui e a cabeça não vê porque, de olhos fechados, caminha. Não escrevo há tanto e, assim, acumulo o que um dia vou procurar por tópicos escritos em post-its que o vento, o tempo ainda não terá levado.

Daqui a pouco, até este momento, será incerto. Nem o céu, que me pede para impressionar um filme, com raios de sol que ele próprio separa, me ficará na memória, para além da forma como foi escrita.

Estou no mesmo comboio que há três anos uso, mas não como antes me sento nele. Ainda me lembro de como era, isto só porque antes foi. Cantava, dormia, estudava, escrevia, sei lá... Entre vidros e metal e plástico e gente, mas fazia-o sozinho como se as paredes, coladas a mim, me dessem a solidão que eu sempre sentira.

Olhava para os outros e ria-me, ria-me, RIA-ME! Tão pequenos, não com vida, com rotina, com a expressão vazia que o consentimento permite. Agora olho para o vidro que antes me isolava quando não me dava o mundo e que eu queria, queria para mim e, por vezes vejo-me e nessas vezes sempre vejo o que neles via.Sou mais um corpo que é levado "um cadáver adiado" porque o queria.

Deixo um pão no caminho que espero um dia percorrer ao contrário, mas tem prazo o que a Deus agradecemos, e o que aos olhos de Deus nos é roubado.

Alguém se matou em Belém. Não gostava do que via, o cobarde foi racional.