Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)

quinta-feira, abril 28, 2005

323

Como sempre no comboio mas mais tarde do que antes. Agora as horas prolongam-se antes da solidão.

I

A louca falava
os que o não são ouviam.

"Matou-se
A gente morre todos né"
Atirou-se
sozinha da ponte
não tinha ninguém ao pé.

A louca falava dos dias
amanhã era quinta
hoje p'ra ela era sábado.

"Boa noite"
- chegou alguém entretanto
perguntou-lhe os anos
não tendo ela idade.

Não te estranho
Sei que sou como tu
O mundo de um
Não o é dos outros.

Fomos,
Ao mesmo tempo em frente
Partimos todos à mesma hora
Agora
nada mais temos
e se não nos perdermos
não nos vamos encontrar.

II

Não fala a louca, nada diz. É triste.
Solta inocente sons que sabe, vãos,
pergunta o tempo que não vê que existe;
os ignorantes fecham sempre as mãos.

A todos contas o que a crer ouviste
A tua pequenez vive sem nãos.
Pena de ti não tenho, não caíste
Sempre viveste mais que rente ao chão.

Continuas a rir e sem motivo
Falas do fim mas só eu sei que venho
P'ra um dia encontrá-lo. Sei que existo
e que alguns passos vão pedir perdão.

Invejo o que tu és pois sem razão
Razão não tens p'ro carpir que tenho.

322

Não escrevo como antes, raras vezes estou triste e estou-lhe grato por isso. A escrita como já antes dissera é o meu refúgio cobarde e egoísta (não escrevo sem ser sobre mim).

Estou maior. Aprendi tanto em tão pouco (dois pontos) quem me viu já não me vê.

quinta-feira, abril 14, 2005

321

Paixão.

Medo.

Fuga.

Ataraxia,
ou indiferença,
- tanto faz -
que mais no corpo jaz
Depois de ter fugido?