A parede da frente é branca como a mesa e como as outras paredes; ela é a maior do meu quarto.
Uma vez desenharam o meu perfil, que estava convenientemente projectado, numa folha. Era para dar a alguém; não o fiz. Guardei-a entre outras para mais tarde a voltar a descobrir. Olhei-a e vi-me como os outros me veêm de lado: faltava tanto para ser como eu. Peguei em cores e pintei o que só estava a carvão; fiz traços e mais traços; defini as camadas que me constituiem.
Na parede da frente (a que está por trás da mesa) estou eu.
Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)
sexta-feira, julho 16, 2004
214 (A mesa de guerra)
Um monitor. Duas colunas a alturas distintas mas as duas mais altas que a mesa. Um candeeiro sobreaquecido que tenta ser visualmente equilibrado. Uma impressora e folhas amontoadas sobre e a volta dela. Caixas de fósforo meio usadas fruto de noites de luxúria. Esferovite de alguma caixa, um perfume quase vazio. O livro azul que nunca uso - nem com dúvidas de português- os cd's que, depois de usados, só conhecem o vidro. As chaves de casa, a carteira, os lápis de cor e de cera e um velho preservativo.
Uma mesa. Um abrigo.
Uma mesa. Um abrigo.
213 (entre dois posts)
Escrevo este texto depois de outro que não vou mostrar. O facto de escrever este não implica qualquer relação com o anterior - só visto por mim. Apetece somente dizer que houve um salto que só eu compreendo: não quero explicar.
Não interessa.
Entre dois posts há mais que umas simples polegadas que eu nunca medi. Estão dias, estão horas, estão segundos e sinto-os de formas tão distintas. Por vezes os primeiros são como os últimos que, em alguns casos, são como os do meio. Há mais que o tempo. Há a forma como o sinto.
Não interessa.
Entre dois posts há mais que umas simples polegadas que eu nunca medi. Estão dias, estão horas, estão segundos e sinto-os de formas tão distintas. Por vezes os primeiros são como os últimos que, em alguns casos, são como os do meio. Há mais que o tempo. Há a forma como o sinto.
quarta-feira, julho 14, 2004
211
As despedidas só custam se implicarem o fim, não de um momento, mas de outros que estariam, a nosso ver, para vir.
O homem (sendo a mulher também um) vive porque tem histórias para contar e outras por viver mas, se o argumento das primeiras, na sua opinião, for mau, e/ou o prognóstico das segundas também o for, ele deixa, só por ele obrigado, de caminhar de um, ou para um, local onde ele so tem, ou terá, aquilo que não quer ter. Temos desejos e gostamos de os ver realizados: só por eles nos movemos. Claro que existem aqueles tipos que falam logo do altruísmo mas eles esquecem que é só o bem-estar de quem o pratica a razão da existência de tal substantivo.
É usual que alguns homens (não volto a referir como emprego esta palavra) gostem de outros. O que mais anseiam é a companhia - e tudo o que ela implica- do outro. Criam-se relações, traçam-se linhas rectas que vão definindo formas pintadas de maneira distinta por aqueles que participam. No final cada um tem um quadro e, ou se gosta, ou não. Há quem queira prolongar a tela e acrescentar traços, pôr mais cores mas, se o quadro do outro não expandir as suas linhas negras de tinta da china, esteticamente, fica tudo desiquilibrado. Aquele que pintou o quadro maior (não interessa se mais belo), distraido pelo seu processo criativo, não vê que não existe porporcionalidade entre as duas obras. O outro tem então que decidir.
O mais pequeno já está na moldura: preenche uma parede para mais tarde ser recordado. O seu autor tem então que decidir se avisa ou não o outro que já não tem mais a pintar. "O mais difícil é saber quando parar" disse-me uma vez o Teles: o mais difícil neste caso é dizê-lo já que, no fundo, qualquer homem gosta de ver que algo por ele é criado mesmo que, no final, ninguém olhe para a parede, não por um quadro, não por outro, mas pelos dois. Aquele que, não percebendo de arte, não gosta de ter, nem de deixar, memórias que que sejam incomodativas do ponto de vistar estético diz. Ao dizer termina todo o processo criativo e com ele cessam as reuniões de trabalho futuras: custa aos dois mesmo que de formas diferentes.
Repito:
As despedidas só custam se implicarem o fim, não de um momento, mas de outros que estariam, a nosso ver, para vir.
O homem (sendo a mulher também um) vive porque tem histórias para contar e outras por viver mas, se o argumento das primeiras, na sua opinião, for mau, e/ou o prognóstico das segundas também o for, ele deixa, só por ele obrigado, de caminhar de um, ou para um, local onde ele so tem, ou terá, aquilo que não quer ter. Temos desejos e gostamos de os ver realizados: só por eles nos movemos. Claro que existem aqueles tipos que falam logo do altruísmo mas eles esquecem que é só o bem-estar de quem o pratica a razão da existência de tal substantivo.
É usual que alguns homens (não volto a referir como emprego esta palavra) gostem de outros. O que mais anseiam é a companhia - e tudo o que ela implica- do outro. Criam-se relações, traçam-se linhas rectas que vão definindo formas pintadas de maneira distinta por aqueles que participam. No final cada um tem um quadro e, ou se gosta, ou não. Há quem queira prolongar a tela e acrescentar traços, pôr mais cores mas, se o quadro do outro não expandir as suas linhas negras de tinta da china, esteticamente, fica tudo desiquilibrado. Aquele que pintou o quadro maior (não interessa se mais belo), distraido pelo seu processo criativo, não vê que não existe porporcionalidade entre as duas obras. O outro tem então que decidir.
O mais pequeno já está na moldura: preenche uma parede para mais tarde ser recordado. O seu autor tem então que decidir se avisa ou não o outro que já não tem mais a pintar. "O mais difícil é saber quando parar" disse-me uma vez o Teles: o mais difícil neste caso é dizê-lo já que, no fundo, qualquer homem gosta de ver que algo por ele é criado mesmo que, no final, ninguém olhe para a parede, não por um quadro, não por outro, mas pelos dois. Aquele que, não percebendo de arte, não gosta de ter, nem de deixar, memórias que que sejam incomodativas do ponto de vistar estético diz. Ao dizer termina todo o processo criativo e com ele cessam as reuniões de trabalho futuras: custa aos dois mesmo que de formas diferentes.
Repito:
As despedidas só custam se implicarem o fim, não de um momento, mas de outros que estariam, a nosso ver, para vir.
sábado, julho 10, 2004
quinta-feira, julho 01, 2004
209
Quando era pequenino queria ser grande, desesperava por isso. Hoje que o sou não dou importância nenhuma.
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