Estou só.
Sou como um livro grande e pesado,
com pó acumulado por dentro e por fora,
Guardado
na estante superior sozinho.
Ninguém me pega
Não sou especifico
e o título é dúbio como o resto-
Só me pega quem me procura
mas quem o faz não chega.
Não me mxo
sou um livro pesado
Tenho pó acumulado desde a última vez que me leram.
Ah! Pegassem
ousassem ver-me
ler-me!
Não tenho índice
e resulto de volumes compactados
sou um,
podia ser vários
Ousassem ler-me
mexer-me
Vissem mais alto!
Teria,
por istantes, luz.
Mais um. O meu primeiro. (brainwasherpt@hotmail.com)
domingo, outubro 31, 2004
264 - De um pouco antes a um pouco depois.
A
Espero pelo comboio que não tarda
como sempre fu eu que me antecipei
Está frio; Dirigi-me para o café mais próximo
E, enquanto escrevo, finjo que vejo a bola
e que, por isso, ouço os comentários
que, por o serem, são ridículos.
No cinzeiro acumulam-se as cinzas que largo com um toque
A chávena de café está vazia e o pires está sujo
No fundo, são como eu:
Largo-me aos poucos em partes diversas
e, sem nada, estou marcado p'lo que tive.
Nunca me dei a ninguém e estou assim
Nunca me mexi e estou cansado.
Tudo me parece cada vez mais incerto
Como o remate que parte do fundo
e que, só depois de entrar na àrea,
se sabe se teve algum efeito.
Porque é que vou a seguir p'ra Lisboa?
Porque é que acho que alguém me espera
baseado somente em olhares e frases que não sei interpretar?
Porquê?
Nunca me apoiei em estruturas sólidas acho eu
E, só por assim ser, o que acho também nunca o foi.
Só conheço o antes só os passos que não dei.
Chegar não é comigo porque nem sequer tento;
Sofro, sei que o faço, mas se o faço é por mim.
B
Cheguei e continuo à espera; mas do quê?
Não cheguei tão cedo - o tempo dispersou-se em conversas
e maior parte de circunstância.
Amigos de minutos que não cheguei sequer a conhecer
Mas que, em minutos, me falaram de vícios
E alguns bem piores do que os meus
Ah! o que faço para o tempo ter algum sentido
Mesmo que seja só por instantes que passam às vezes lentos.
Sorrisos, sonhos, desabafos, justificados por nunca mais os ver.
Para onde vou é que ainda não sei.
Agora que estou é só nisto que penso
E em cada minuto mais eu desço no meu ser que está vazio
O que sou? O que faço? O que quero?
Nunca o soube e este café só vai prolongar
O raciocinio que nunca o chegou a ser.
Os argumentos que apresento até alguém mais novo consegue
se p'ra isso estiver virado
diluir em segundos.
Desinfecta-os e resta um nada
Tão semelhante àquele que os proferiu...
P'ra onde vou é que ainda não sei
Só o vou saber daqui a 20 minutos
Quando quem ainda mal conheço
(nem sequer histórias de comboio ouvi)
Apitar porque chegou à esquina talvez na hora.
E não, não foi ele que se atrasou
Fui eu que me antecipei.
C
Quando? Onde? Porquê?
Não passam os segundos que se prolongam p'la ansiedade
Acumulada pelo desconhecido que se soma um a um.
Afinal tudo assenta no que quero
E no facto de querer algo desconhecido
Anseio acabar a solidão - o que tenho até aqui.
Quero gestos de carinho, sorrisos sinceros
Olhares que, como os gestos, nos dão conforto.
Sou egoísta, sei que o sou, mas tudo o que faço
Por ser eu a fazer, é, mesmo que não seja, por mim.
Não quero descer, não quero usar
Não quero ser ou voltar ao que era.
Quero isto, mas de quem?
Quero alguém ou ninguém
Quero tudo ou só gestos.
Faz frio cá fora, tenho as mãos quentes
mais quentes que a folha;
Até ela está fria coberta de carvão que não arde.
Não sei bem o que quero, já disse.
Mas não quero isto e é tarde.
D
As mãos suam no relento
o corpo pede abrigo que não posso ter.
Sem o branco que cubro nada teria
só um monte de segundos empilhados
gastos a pensar sem sentido.
Não digo qu estas frases o tenham
De certa forma sou modesto não o sendo:
Escrevo à frente de todos indiscreto
como que pinta para se ver.
Faço-o mas só o faço por isso,
Faço-o porque espero não sabendo
não podendo ir mais longe.
"Ousa, Ousa" dizem os outros não percebendo como sou;
Se ousasse mudaria eu seria outro que não eu
e, já o sendo não sou sincero,
escrevo tudo o que não digo.
E
Quem me vê acha-me louco
como o louco que por louco ser
vê elefantes efervescentes.
Escrevo como ele mas como ele não escrevo
Pensam que eu sou louco não o sendo
Mas o que escrevo não é de louco.
O que eu faço é pouco
Afinal quem o conhece?
Mas o louco que mais louco se tece
pelo mundo é conhecido.
F
Cheguei e nada.
H
Parti. Deixo o onde estava que só ao chegar conheci
Vi mas tão pouco ouvi dá-se mas o que me deram
O que será que disseram ( ou disse) sobre mim?
Não sei nada ouvi nada me disse.
Parti sem uma palavra amiga só um beijo de despedida
tão mundano como o da chegada.
A mente é parva como em latim
não se expande para mais longe
Nem tão longe como o que eu estou.
E eu vou, pr'a onde agora cheguei
O que deixei, é que desconheço.
I
Tão mais velha que eu é a companhia desta noite.
Foi-se o sonho que por instantes martelei
(nunca antes assim comi, conspurquei o que me rodeava)
Na sua cara nada vi.
(Será que a olhei?
Porque não o fiz?)
Porque não diz
Logo tudo?
Luto,
Contra mim mesmo.
Com o fim vem o começo
De mais um decadência
que,
como sempre,
è nocturna.
30/10/2004- um pouco antes e um pouco depois da espera
Espero pelo comboio que não tarda
como sempre fu eu que me antecipei
Está frio; Dirigi-me para o café mais próximo
E, enquanto escrevo, finjo que vejo a bola
e que, por isso, ouço os comentários
que, por o serem, são ridículos.
No cinzeiro acumulam-se as cinzas que largo com um toque
A chávena de café está vazia e o pires está sujo
No fundo, são como eu:
Largo-me aos poucos em partes diversas
e, sem nada, estou marcado p'lo que tive.
Nunca me dei a ninguém e estou assim
Nunca me mexi e estou cansado.
Tudo me parece cada vez mais incerto
Como o remate que parte do fundo
e que, só depois de entrar na àrea,
se sabe se teve algum efeito.
Porque é que vou a seguir p'ra Lisboa?
Porque é que acho que alguém me espera
baseado somente em olhares e frases que não sei interpretar?
Porquê?
Nunca me apoiei em estruturas sólidas acho eu
E, só por assim ser, o que acho também nunca o foi.
Só conheço o antes só os passos que não dei.
Chegar não é comigo porque nem sequer tento;
Sofro, sei que o faço, mas se o faço é por mim.
B
Cheguei e continuo à espera; mas do quê?
Não cheguei tão cedo - o tempo dispersou-se em conversas
e maior parte de circunstância.
Amigos de minutos que não cheguei sequer a conhecer
Mas que, em minutos, me falaram de vícios
E alguns bem piores do que os meus
Ah! o que faço para o tempo ter algum sentido
Mesmo que seja só por instantes que passam às vezes lentos.
Sorrisos, sonhos, desabafos, justificados por nunca mais os ver.
Para onde vou é que ainda não sei.
Agora que estou é só nisto que penso
E em cada minuto mais eu desço no meu ser que está vazio
O que sou? O que faço? O que quero?
Nunca o soube e este café só vai prolongar
O raciocinio que nunca o chegou a ser.
Os argumentos que apresento até alguém mais novo consegue
se p'ra isso estiver virado
diluir em segundos.
Desinfecta-os e resta um nada
Tão semelhante àquele que os proferiu...
P'ra onde vou é que ainda não sei
Só o vou saber daqui a 20 minutos
Quando quem ainda mal conheço
(nem sequer histórias de comboio ouvi)
Apitar porque chegou à esquina talvez na hora.
E não, não foi ele que se atrasou
Fui eu que me antecipei.
C
Quando? Onde? Porquê?
Não passam os segundos que se prolongam p'la ansiedade
Acumulada pelo desconhecido que se soma um a um.
Afinal tudo assenta no que quero
E no facto de querer algo desconhecido
Anseio acabar a solidão - o que tenho até aqui.
Quero gestos de carinho, sorrisos sinceros
Olhares que, como os gestos, nos dão conforto.
Sou egoísta, sei que o sou, mas tudo o que faço
Por ser eu a fazer, é, mesmo que não seja, por mim.
Não quero descer, não quero usar
Não quero ser ou voltar ao que era.
Quero isto, mas de quem?
Quero alguém ou ninguém
Quero tudo ou só gestos.
Faz frio cá fora, tenho as mãos quentes
mais quentes que a folha;
Até ela está fria coberta de carvão que não arde.
Não sei bem o que quero, já disse.
Mas não quero isto e é tarde.
D
As mãos suam no relento
o corpo pede abrigo que não posso ter.
Sem o branco que cubro nada teria
só um monte de segundos empilhados
gastos a pensar sem sentido.
Não digo qu estas frases o tenham
De certa forma sou modesto não o sendo:
Escrevo à frente de todos indiscreto
como que pinta para se ver.
Faço-o mas só o faço por isso,
Faço-o porque espero não sabendo
não podendo ir mais longe.
"Ousa, Ousa" dizem os outros não percebendo como sou;
Se ousasse mudaria eu seria outro que não eu
e, já o sendo não sou sincero,
escrevo tudo o que não digo.
E
Quem me vê acha-me louco
como o louco que por louco ser
vê elefantes efervescentes.
Escrevo como ele mas como ele não escrevo
Pensam que eu sou louco não o sendo
Mas o que escrevo não é de louco.
O que eu faço é pouco
Afinal quem o conhece?
Mas o louco que mais louco se tece
pelo mundo é conhecido.
F
Cheguei e nada.
H
Parti. Deixo o onde estava que só ao chegar conheci
Vi mas tão pouco ouvi dá-se mas o que me deram
O que será que disseram ( ou disse) sobre mim?
Não sei nada ouvi nada me disse.
Parti sem uma palavra amiga só um beijo de despedida
tão mundano como o da chegada.
A mente é parva como em latim
não se expande para mais longe
Nem tão longe como o que eu estou.
E eu vou, pr'a onde agora cheguei
O que deixei, é que desconheço.
I
Tão mais velha que eu é a companhia desta noite.
Foi-se o sonho que por instantes martelei
(nunca antes assim comi, conspurquei o que me rodeava)
Na sua cara nada vi.
(Será que a olhei?
Porque não o fiz?)
Porque não diz
Logo tudo?
Luto,
Contra mim mesmo.
Com o fim vem o começo
De mais um decadência
que,
como sempre,
è nocturna.
30/10/2004- um pouco antes e um pouco depois da espera
sexta-feira, outubro 15, 2004
263 (Micro I prática)
I
A microeconomia promove que o consumidor escolhe o melhor cabaz possível de acordo com o seu rendimento e as suas preferências, dado isto, resolvemos exercicios como o 20 e o 22 do caderno através de tangências, ou seja, de derivadas.
O meu problema está na parte de aplicação no dia-a-dia. De facto cada um de nós quer o melhor que consegue - chamemos-lhe cabaz óptimo ou x*. Ponha-se agora a hipótese de o cabaz fugir de nós por má aplicação das nossas capacidades; este caso, como é que a micro resolve?
Posto isto acho que de nada isto tudo me serve. Sei o que quero e sei o que posso ter - não será quase tudo se não envolver dinheiro ou um esforço herculeano? Tenho raramente porém.
O que estará mal? Será que algum cálculo me saiu torto? Nem indo às teóricas isto percebo.
II
Sou um agente que não procura um máximo de quantidades possível mas o conjunto delas que, sendo mais equilibrado, me dá maior utilidade e, consequentemente, me é mais agradável.
Não sou óbvio. Sujeito a uma determinada restrição resolvo um lagrangeana e tenho o que prefiro. Mas talvez não seja assim tão fácil. Procuro sempre mais do que dois bens e, p'ra piorar, alguns deles são dificilmente quantificáveis .
Não sei é se existem, por haver tanto a comparar, dois cabazes igualmente prazenteiros.
A microeconomia promove que o consumidor escolhe o melhor cabaz possível de acordo com o seu rendimento e as suas preferências, dado isto, resolvemos exercicios como o 20 e o 22 do caderno através de tangências, ou seja, de derivadas.
O meu problema está na parte de aplicação no dia-a-dia. De facto cada um de nós quer o melhor que consegue - chamemos-lhe cabaz óptimo ou x*. Ponha-se agora a hipótese de o cabaz fugir de nós por má aplicação das nossas capacidades; este caso, como é que a micro resolve?
Posto isto acho que de nada isto tudo me serve. Sei o que quero e sei o que posso ter - não será quase tudo se não envolver dinheiro ou um esforço herculeano? Tenho raramente porém.
O que estará mal? Será que algum cálculo me saiu torto? Nem indo às teóricas isto percebo.
II
Sou um agente que não procura um máximo de quantidades possível mas o conjunto delas que, sendo mais equilibrado, me dá maior utilidade e, consequentemente, me é mais agradável.
Não sou óbvio. Sujeito a uma determinada restrição resolvo um lagrangeana e tenho o que prefiro. Mas talvez não seja assim tão fácil. Procuro sempre mais do que dois bens e, p'ra piorar, alguns deles são dificilmente quantificáveis .
Não sei é se existem, por haver tanto a comparar, dois cabazes igualmente prazenteiros.
262 (Tudo vai dar ao mesmo)
Nunca escrevi um texto que tivesse mais do que duas páginas que não fosse para ser avaliado. Não o faço por falta de jeito, até acho que o tenho, porém sou preguiçoso e disperso demais. Gosto tanto de pegar em palavras disjuntas e de as ordenar conforme me apetece...séries psicológicas absolutamente abstractas e que no limite tendem p'ra um local que nunca tocam pois, como sabemos, nunca ninguém sente o mesmo duas vezes e o que se lê provoca algo distinto do que aquilo que provocou a escrita.
Neste preciso instante estou mais hiperactivo que o que p'ra mim é normal. Não sei o que fazer e já tentei fazer de tudo. Não me concentro o suficiente para resolver problemas de estatistica que nunca terão aplicação na minha vida (A maior parte das probabilidades sou eu que crio). Pinto mas só me saiem coisas lugubres, feias e sem sentido.
O que raio faço?
Podia tentar dormir mas é-me impossivel. Ouço o meu coraçao enquanto pressiono o teclado de uma forma intensa e não cronometrada completamente idêntica a minha maneira de pensar. Como me irrita aquele batimento ritmado, nem me importa que seja sinal de vida. Quero dormir e não importa se acordo ou não.
Merda, quero sair de casa AGORA.
Porque é que não tenho a merda da carta de conduçao. Pq é que não posso pegar quem me apetece e partir para onde eu quero ir. Porque é que sou preguiçoso d +, por que não sou como os tais que vivem em funçao da gasolina!
Quero estar com alguém. De preferência rapariga.
Ei Ei tem de ter mais de 16 não quero que confundam as palavras. Estou sozinho e estou cheio de mim. Que alguém me receba pah. Que alguém veja que eu me estou a dar com poucas condições (sim eu sei que elas pesam).
Merda. Já estou confuso. Não escrevo mais. Como os outros não tem duas páginas.
Neste preciso instante estou mais hiperactivo que o que p'ra mim é normal. Não sei o que fazer e já tentei fazer de tudo. Não me concentro o suficiente para resolver problemas de estatistica que nunca terão aplicação na minha vida (A maior parte das probabilidades sou eu que crio). Pinto mas só me saiem coisas lugubres, feias e sem sentido.
O que raio faço?
Podia tentar dormir mas é-me impossivel. Ouço o meu coraçao enquanto pressiono o teclado de uma forma intensa e não cronometrada completamente idêntica a minha maneira de pensar. Como me irrita aquele batimento ritmado, nem me importa que seja sinal de vida. Quero dormir e não importa se acordo ou não.
Merda, quero sair de casa AGORA.
Porque é que não tenho a merda da carta de conduçao. Pq é que não posso pegar quem me apetece e partir para onde eu quero ir. Porque é que sou preguiçoso d +, por que não sou como os tais que vivem em funçao da gasolina!
Quero estar com alguém. De preferência rapariga.
Ei Ei tem de ter mais de 16 não quero que confundam as palavras. Estou sozinho e estou cheio de mim. Que alguém me receba pah. Que alguém veja que eu me estou a dar com poucas condições (sim eu sei que elas pesam).
Merda. Já estou confuso. Não escrevo mais. Como os outros não tem duas páginas.
261 - Ao som de A saucerful of secrets
I (Até a bateria começar o ritmo repetido e intenso)
Está a chover lá fora mas, como é hábito nestes dias, não é a chuva que me incomoda. Anseio que mercúrio me traga alguma mensagem, não do Olimpo, mas d'ali p'ros lados da lapa terra onde habitam, e uso a terminologia do Alvaro, alguns semi-deuses.
Ela de ser superior só deve ter a pronúncia que ainda não senti ter algo de morte. De resto é bastante humana e consciente disso; só por isso espero ansioso que diga algo.
Tento em vão pensar que vai acontecer o pior, mas, mesmo achando que nada vai dizer como resultado de horas de espera, ainda olho de vez em quando para o meu telemóvel velho e partido com um olhar intimidante pois há a hipótese remota de ele não ter vibrado.
Espero, espero, espero, espero, espero, espero e Imagino demais p'ra esta realidade.
II ( O resto)
Ele nunca esteve tão acordado; os seus sentidos são a prova. Era de noite os asperores que se ouviam ao fundo descarregavam parte do que, à pressão, se acumulara numa rede inexplicável de tubos de borracha muito mais espessos que um vaso capilar.
Está no seu quarto; o único espaço que até hoje considera seu. Fechou instintivamente as janelas p'ra que o odor que desconhece não deixe o espaço que marca. No chão acumulam-se pacotes de bolacha uns usados e outros por abrir - são a única refeição possível às horas a que tudo em casa dorme. No centro está uma mesa de jogo que p'ra jogar nunca serviu; sobre ela estendem-se folhas borradas - algumas de uma forma mais ordenada- de cores e outras com linhas tortas com escritos por vezes certos.
Ele não sabia o que fazer. Esteve à espera de uma mensagem que tardou a vir e que, takvez seja da pronúncia, custou a perceber. Por isso respondeu que estava a ouvir música - passatempo óbvio de quem quer que o tempo passe não tão lentamente. Será que ela percebeu? Talvez a sua não resposta seja a evidência envergonhada disso.
Enquanto esperou fez quase tudo o que sabia o que se achava apto a fazer. Pintou, escreveu e até estudou só para esquecer a ânsia que aumentava ao compasso dos minutos que passavam desde que olhou o móvel pela 1ª vez. Aos poucos foi-se aproximando
do ponto de ruptura: 1º as linhas pareciam ordenadas depois, e de uma forma sucessiva, foram perdendo o sentido como castigo de uma uma irracionalidade aparentemente qualquer - mas nunca o é, tem sempre um motivo.
No exterior os aspersores recolheram-se e a rega terminou. Ele parecia mais calmo, mais certo. Sim, já não ouvia o bater ritmado do seu coração que parecia invadir-lhe o interior do crânio de uma forma rude e sem sequer pedir. Não ele já não o ouvia mas, entretanto - e falo de horas-, ouviu. O quanto não terá doído, imaginem o crânio batido até ao seu interior. "Não", gritou ele pegando em cores e numa folha...pensou que a tortura auto-imposta só se tinha ido embora p'ra descansar.
Pintou, pintou, pintou, pintou, pintou e sempre sem sentido até ver que não voltava. Pôs a tocar alguma coisa; lavou os dentes dentes e a cara e as mãos coloridas; disse no messenger palavras amigas e e deitou-se. Exausto quedou-se logo adormecido.
Está a chover lá fora mas, como é hábito nestes dias, não é a chuva que me incomoda. Anseio que mercúrio me traga alguma mensagem, não do Olimpo, mas d'ali p'ros lados da lapa terra onde habitam, e uso a terminologia do Alvaro, alguns semi-deuses.
Ela de ser superior só deve ter a pronúncia que ainda não senti ter algo de morte. De resto é bastante humana e consciente disso; só por isso espero ansioso que diga algo.
Tento em vão pensar que vai acontecer o pior, mas, mesmo achando que nada vai dizer como resultado de horas de espera, ainda olho de vez em quando para o meu telemóvel velho e partido com um olhar intimidante pois há a hipótese remota de ele não ter vibrado.
Espero, espero, espero, espero, espero, espero e Imagino demais p'ra esta realidade.
II ( O resto)
Ele nunca esteve tão acordado; os seus sentidos são a prova. Era de noite os asperores que se ouviam ao fundo descarregavam parte do que, à pressão, se acumulara numa rede inexplicável de tubos de borracha muito mais espessos que um vaso capilar.
Está no seu quarto; o único espaço que até hoje considera seu. Fechou instintivamente as janelas p'ra que o odor que desconhece não deixe o espaço que marca. No chão acumulam-se pacotes de bolacha uns usados e outros por abrir - são a única refeição possível às horas a que tudo em casa dorme. No centro está uma mesa de jogo que p'ra jogar nunca serviu; sobre ela estendem-se folhas borradas - algumas de uma forma mais ordenada- de cores e outras com linhas tortas com escritos por vezes certos.
Ele não sabia o que fazer. Esteve à espera de uma mensagem que tardou a vir e que, takvez seja da pronúncia, custou a perceber. Por isso respondeu que estava a ouvir música - passatempo óbvio de quem quer que o tempo passe não tão lentamente. Será que ela percebeu? Talvez a sua não resposta seja a evidência envergonhada disso.
Enquanto esperou fez quase tudo o que sabia o que se achava apto a fazer. Pintou, escreveu e até estudou só para esquecer a ânsia que aumentava ao compasso dos minutos que passavam desde que olhou o móvel pela 1ª vez. Aos poucos foi-se aproximando
do ponto de ruptura: 1º as linhas pareciam ordenadas depois, e de uma forma sucessiva, foram perdendo o sentido como castigo de uma uma irracionalidade aparentemente qualquer - mas nunca o é, tem sempre um motivo.
No exterior os aspersores recolheram-se e a rega terminou. Ele parecia mais calmo, mais certo. Sim, já não ouvia o bater ritmado do seu coração que parecia invadir-lhe o interior do crânio de uma forma rude e sem sequer pedir. Não ele já não o ouvia mas, entretanto - e falo de horas-, ouviu. O quanto não terá doído, imaginem o crânio batido até ao seu interior. "Não", gritou ele pegando em cores e numa folha...pensou que a tortura auto-imposta só se tinha ido embora p'ra descansar.
Pintou, pintou, pintou, pintou, pintou e sempre sem sentido até ver que não voltava. Pôs a tocar alguma coisa; lavou os dentes dentes e a cara e as mãos coloridas; disse no messenger palavras amigas e e deitou-se. Exausto quedou-se logo adormecido.
sábado, outubro 09, 2004
260 No bar da scolarest
As árvores cresciam no interior de um palácio antigo restaurado p'ra usos modernos; só ficaram os corredores amplos onde a idade não permite corridas. A capela coitada foi profanada por escritos económicos que só interessam a quem já não vive os dias.
Nos ramos cresciam frutos que têm a cor do seu nome. Eram ácidos aposto mas não corriam o betão. Na calçada acumulavam-se beatas do que ardeu para acalmar e que, por sua vez, permitiu o estudo ou a sua possibilidade.
As folhas eram verdes mas acumulavam fumo; estavam escuros. Só duas sabiam a que sabia o sol e, nos dias de chuva, só estas é que se lavavam. Quantos anos teriam?Quantos não as teriam visto? Os espinhos permitiram que poucos se aproximassem.
Testemunham o que faço, o que escrevo e sabem, mais do que eu, de que padeço.
São fragéis, têm pouca espessura. Não são de metal como as mesas que cambaleiam na calçada suja e que suportam o que escrevo - só são frias quando têm de ser-
As árvores cresciam; o edifício só mudava de cor. Elas viam, elas sabiam o que eu ainda não sei.
Nos ramos cresciam frutos que têm a cor do seu nome. Eram ácidos aposto mas não corriam o betão. Na calçada acumulavam-se beatas do que ardeu para acalmar e que, por sua vez, permitiu o estudo ou a sua possibilidade.
As folhas eram verdes mas acumulavam fumo; estavam escuros. Só duas sabiam a que sabia o sol e, nos dias de chuva, só estas é que se lavavam. Quantos anos teriam?Quantos não as teriam visto? Os espinhos permitiram que poucos se aproximassem.
Testemunham o que faço, o que escrevo e sabem, mais do que eu, de que padeço.
São fragéis, têm pouca espessura. Não são de metal como as mesas que cambaleiam na calçada suja e que suportam o que escrevo - só são frias quando têm de ser-
As árvores cresciam; o edifício só mudava de cor. Elas viam, elas sabiam o que eu ainda não sei.
quarta-feira, outubro 06, 2004
259
"somewhere i have never travelled,gladly beyond
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near"
Há coisas que já não esperamos encontrar como resultado de procuras escusadas que um dia tiveram de acabar. Porém, um dia, tudo aparece condensado num pequeno ser que sem pedir passa diante de nós. Eu procurei tanto p'ra, quando já estava cansado, tu apareceres sorrateiramente e de uma forma brusca a meu lado; assustado - como podia ser possível - nem te pude tocar. O que antes buscava o que me fazia mexer acabou por me fechar.
"your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully,mysteriously) her first rose"
De vez em quando vinhas ter comigo e puxando devagarinho conseguias por-me ao Sol. Era tua mão que, inconscientemente,me fechava comprimindo-me com um dedo de cada vez contra a sua palma. Perdia um a um os sentidos até deixar de ser eu mas, quando tu querias quando tu pedias, eu voltava, a tua mão largava e eu sorria para ti.
"or if your wish be to close me,i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;"
Nunca ficavas por muito tempo e eu acabava por fechar com os lábios o sorriso que me deras. Não encontro melhor metáfora, de facto, quando tu te ias, eu era como a flor que caía com a mudança da estação.
"nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody,not even the rain, has such small hands"
Só tu e só contigo. Claro que sei o motivo para tudo isto acontecer, finjo que não e sigo pelo caminho não alcatroado que encontrei. Hei-de chegar a algum ponto sabendo que sei o que digo não saber e, se der, não caio da mesma maneira. Se cair, já amparo a queda.
Adeus. Дoсвиданя.
(O poema é de E.E. Cummings)
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near"
Há coisas que já não esperamos encontrar como resultado de procuras escusadas que um dia tiveram de acabar. Porém, um dia, tudo aparece condensado num pequeno ser que sem pedir passa diante de nós. Eu procurei tanto p'ra, quando já estava cansado, tu apareceres sorrateiramente e de uma forma brusca a meu lado; assustado - como podia ser possível - nem te pude tocar. O que antes buscava o que me fazia mexer acabou por me fechar.
"your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully,mysteriously) her first rose"
De vez em quando vinhas ter comigo e puxando devagarinho conseguias por-me ao Sol. Era tua mão que, inconscientemente,me fechava comprimindo-me com um dedo de cada vez contra a sua palma. Perdia um a um os sentidos até deixar de ser eu mas, quando tu querias quando tu pedias, eu voltava, a tua mão largava e eu sorria para ti.
"or if your wish be to close me,i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;"
Nunca ficavas por muito tempo e eu acabava por fechar com os lábios o sorriso que me deras. Não encontro melhor metáfora, de facto, quando tu te ias, eu era como a flor que caía com a mudança da estação.
"nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody,not even the rain, has such small hands"
Só tu e só contigo. Claro que sei o motivo para tudo isto acontecer, finjo que não e sigo pelo caminho não alcatroado que encontrei. Hei-de chegar a algum ponto sabendo que sei o que digo não saber e, se der, não caio da mesma maneira. Se cair, já amparo a queda.
Adeus. Дoсвиданя.
(O poema é de E.E. Cummings)
258 (À Jaromila)
As quatro flores tinham o valor que os outros lhes davam. Incansáveis queriam sempre valer mais. Mas afinal quanto valiam?
Estou-me pouco fodendo p'ra teorias existencialistas
E p'ras pessoas que as criaram
Quero lá saber se sou livre, se Deus existe ou se o mataram...
Só quero é viver ou julgar que o faço
Quero ser eu a medir cada passo
Quero viver ou julgar que o faço
Só por mim
Não sou como as quatro flores do jardim
Que ganham cor e perfume só p'ra procriar;
O valor que têm é o valor que dão
Nunca se regaram por sede mas p'ra serem bebidas...
As flores vivem em mentiras
que elas proprias criaram.
Eu?
Eu só quero é viver ou julgar que o faço
Certo que um dia vou deixar de o fazer.
Quando morrer
Vivi
p'ra mim.
Estou-me pouco fodendo p'ra teorias existencialistas
E p'ras pessoas que as criaram
Quero lá saber se sou livre, se Deus existe ou se o mataram...
Só quero é viver ou julgar que o faço
Quero ser eu a medir cada passo
Quero viver ou julgar que o faço
Só por mim
Não sou como as quatro flores do jardim
Que ganham cor e perfume só p'ra procriar;
O valor que têm é o valor que dão
Nunca se regaram por sede mas p'ra serem bebidas...
As flores vivem em mentiras
que elas proprias criaram.
Eu?
Eu só quero é viver ou julgar que o faço
Certo que um dia vou deixar de o fazer.
Quando morrer
Vivi
p'ra mim.
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